domingo, 7 de julho de 2013

Resistência à ditadura em Alagoas X




 
O senador Teotônio Vilela e Denis Agra
 
Fidel Castro em Havana reunido com um grupo de sindicalistas brasileiros.
Denis Agra esteve presente representando os jornalistas brasileiros.

 
  

Denis Jatobá Agra [1950-1992], jornalista, nasceu em Viçosa-AL e faleceu em Maceió. O casal Fleurange Jatobá Agra[ ] e Mario Lopes Agra[  ] tiveram quatro filhos: Denis, Breno Jatobá Agra, Eliane Jatobá Agra e Mário Agra Júnior[1955]. Iniciou os seus estudos em Atalaia (seria bom colocar o ano) numa escola rural da fazenda Timbó, onde cursou o primeiro ano, no ano seguinte foi para Viçosa, onde estudou o segundo ano, sendo transferido para Maceió. Na capital foi estudar no internato do Colégio Marista durante cinco anos, onde estuda até o 2º ano cientifico. O curso científico concluiu no Colégio Moreira e Silva, já que nos Maristas o curso cientifico foi extinto. 

O seu desejo inicialmente era cursar jornalismo. Mas como não havia jornalismo na UFAL em 1969, dez anos após é que foi criado o curso. A escolha feita foi pelo vestibular de Medicina. Aprovado, iniciou nova vida nos bancos da UFAL. A participação no movimento estudantil muda de secundarista para universitário. As lutas estudantis mobilizavam parcela dos estudantes e nesse contexto Denis cada vez mais se aproximava da militância clandestina de esquerda no curso de medicina e em outros cursos.

O Partido Comunista Revolucionário – PCR, organização fundada em Recife pelos alagoanos Manoel Lisboa de Moura, Valmir Costa e Selma Bandeira, tinha alguns militantes e simpatizantes no campus da UFAL. O estudante de engenharia Ronaldo Lessa, era a ligação entre os estudantes de Alagoas e os dirigentes do PCR em Recife.

A situação política vinha se deteriorando cada vez mais em dezembro de 1968, o ditador Costa e Silva, anuncia o Ato Institucional nº 5 – AI-5. Esse ato sela com as últimas brechas de liberdade ainda existentes no país. As manifestações estudantis realizadas em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo eram reprimidas em Maceió também ocorriam manifestações, atos de protestos contra prisões e processos instaurados contra estudantes.

Denis Agra foi eleito presidente do Diretório Central dos Estudantes – DCE para o biênio 1971/72, tendo Eduardo Bonfim, na secretária-geral. Mas as lutas desenvolvidas pelas lideranças no âmbito da UFAL estavam circunscritas ao universo de resistência a falta de liberdade. Imperava o AI-5 e o decreto 477 dois instrumentos de força que a ditadura utilizou para coibir as ações dos estudantes e de qualquer pessoa que ousasse se posicionar contra o regime militar.

Casa-se pela primeira vez com a estudante de medicina Denise de Medeiros Agra [1950], com quem tem quatro filhos, Clarissa de Medeiros Agra[1974], Candice de Medeiros Agra [1976], Carolina de Medeiros Agra [1978] e Denis Jatobá Agra Filho [1981]. O segundo casamento é com a dentista Maria de Fátima Oliveira Carvalho[1954]. Dessa relação nascem duas filhas, Camila de Carvalho Agra[1990] e Carina de Carvalho Agra[1991].

 

Prisões

 

        A ditadura militar apertou o cerco para desmantelar o PCR em 1973. As prisões ocorriam desde o estado do rio Grande do Norte, atingiu a Paraíba e Pernambuco – principal base e onde os mais importantes dirigentes do partido atuavam e moravam clandestinamente. As atividades públicas da pequena e aguerrida militância do PCR deu sinais através de pichações em muros de avenidas movimentadas e em ginásios de esportes.

         O serviço de informações atuava no campus da UFAL e não demorou a prender os estudantes com vinculações com o PCR. Foram presos os irmãos Fernando José Costa Barros e Jeferson de Barros Costa, Denisson Cerqueria de Menezes, Norton de Morais Sarmento Filho, Flavio Lima e Silva, Paulo Newton, Breno e Denis Jatobá Agra, assim como os médicos Luiz Nogueira Barros e Hélia Mendes. Nogueira, havia sido preso em abril de 1964. As acusações imputadas pela polícia política do regime a ambos dizia que mantinham ligações com o principal dirigente do PCR, o alagoano Manoel Lisboa de Moura.

         Quando todos foram presos em Alagoas, Denis se encontrava no Rio de Janeiro passando férias. Quem o avisava das prisões por telefone era o seu irmão Breno Agra, que depois também foi preso.

 

          “[...] chegou a à sede da Policia a Federal acompanhado de um advogado. O clima era de apreensão, porque, nessas questões de segurança, não sabia como funcionava o sistema internamente. Os interrogadores deram um extenso questionário e Denis passou o dia inteiro respondendo. No final da tarde, o delegado ficou em duvida se o liberava para responder pelo suposto crime em liberdade, ou se o mantinha detido nas celas da repressão.[...] inicialmente, passou 23 dias isolado numa cela. Depois ficou fazendo companhia a um camponês do Rio Grande do Norte, que também era militante do PCR. [...] Eles achavam que o prisioneiro alagoano tinha papel de relevância no comando do partido. A suspeita foi fortalecida em razão da ausência de Denis no Estado, quando forma (ou foram?) desencadeadas as prisões. Na verdade, coincidiu com as férias. As explicações não convenciam. Resolveram, enfim, partir para o método clássico do regime: a tortura.”[1]



Depois de amargar dias de torturas, Denis Agra foi colocado num veiculo do Exército e levado de volta à Maceió, com parada no quartel do 20º Batalhão Caçadores. Antes, quando o levaram para Recife, esteve preso na guarnição do Exército. O Dopse “ recepcionou” o preso e em seguida o transferiu para o presídio São Leonardo. O período em que esse grupo de estudantes e profissionais liberais esteve preso foi de cerca de sete meses. A conquista da liberdade o deixou fora da universidade enquanto cumpria a suspensão aplicada pelo decreto 477, em seguida, voltou a cursar medicina, mas não concluiu o curso. Mudou radicalmente a sua vida e foi ser jornalista profissional.   

 



[1] Cavalcante, Joaldo.  Última Reportagem, Maceió, edição do autor, 1993, p.34, 35.

2 comentários:

  1. Majella,
    Parabéns novamente, alguém tem que se preocupar com a nossa memória, infelizmente aqueles que viveram os árduos dias da ditadura se olvidam de fazê-lo, necessitamos trazer a tona as nossas memórias para que nunca voltem a acontecer os dias negros da ditadura. No entanto, data venia, como você próprio diz no texto “seria bom colocar o ano” ou mesmo quando carinhosamente você lembra-se da presa Hélia, e diz “é bom colocar o sobrenome dela”. Isso claro as titulo de colaboração, o texto é bastante claro, a memória se aguça e relembra a convivência com Denis, Freitas e outros companheiros, êpa, companheiros não, CAMARADAS que é acima de companheiro..
    Um abraço Camarada.
    Sapucaia.

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  2. Sapucaia, obrigado pela observação pertinente. Fiz a devida correção.Obrigado.

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